Os pilares da Reforma Protestante 5
Infelizmente no mundo pós-moderno, onde o relativismo cresce em proporções alarmantes, em detrimento de um claro “assim diz o Senhor”, faz-se necessário reavivar em nossa memória os princípios que abalaram e transformaram o mundo, especialmente agora, quando tantas forças tentam subvertê-los e neutralizá-los. Os cinco pilares sobre os quais foi construído e se mantém o edifício da Reforma Protestante são também conhecidos como “Os Cinco Solas”: Sola Scriptura (Somente a Escritura); Sola Fide (Somente por meio da fé); Solus Christus (Somente por meio de Cristo); Sola Gratia (Somente por meio da Graça); e Soli Deo Gloria (Glória somente a Deus). Hoje encerramos com o último pilar.
Soli Deo Gloria (Glória somente a Deus)
“(Do latim ‘Glória somente a Deus’) é o princípio segundo o qual toda a glória é devida unicamente a Deus, uma vez que a salvação é efetuada exclusivamente através de Sua vontade e ação. Não só o dom da expiação de Jesus na cruz, mas também o dom da fé, criado no coração do crente pelo Espírito Santo.” No início do período medieval, com o acesso da Igreja Católica ao poder, os cristãos foram ensinados a reverenciar a igreja como o próprio Reino de Deus na Terra. As autoridades eclesiásticas exigiam obediência e total submissão às suas ordens e decisões. O papa, que se intitulava “substituto do Filho de Deus”, exigia a mesma honra e glória devidas ao próprio Filho.
“Uma das principais doutrinas do romanismo é a de que o papa é a cabeça visível da igreja universal de Cristo, investido de autoridade suprema sobre os bispos e pastores em todas as partes do mundo. Mais do que isso, tem-se dado ao papa os próprios títulos da Divindade. Tem sido intitulado: ‘Senhor Deus, o Papa’, e foi declarado infalível. [...] A mesma pretensão em que insistia Satanás no deserto da tentação, ele ainda a encarece mediante a igreja de Roma, e enorme número de pessoas estão prontas para render-lhe homenagem.”
Logo que as Escrituras chegaram ao alcance do povo, muitos perceberam o notável contraste entre o altivo pontífice e o manso Filho de Deus. “Num apelo ao imperador [...] da Alemanha, em favor da reforma do cristianismo, Lutero escreveu relativamente ao papa: ‘É horrível contemplar o homem que se intitula vigário de Cristo, a exibir uma magnificência que nenhum imperador pode igualar. É isso ser semelhante ao pobre Jesus, ou ao humilde Pedro? [...] Cristo, cujo vigário ele se orgulha em ser, disse: ‘Meu reino não é deste mundo’. Podem os domínios de um vigário estender-se além dos de seu superior?’” “Os reformadores protestantes acreditavam que os seres humanos — mesmo santos canonizados pela Igreja Católica Romana, os papas, e as autoridades eclesiásticas — não eram dignos da glória que lhes era atribuída.”
Portanto, o princípio Soli Deo Gloria defende que somente o Pai, o Filho e o Espírito Santo são os únicos dignos de toda a honra, glória e louvor, uma vez que somente eles são os autores da salvação. A mensagem do primeiro anjo de Apocalipse 14:6-8 que proclama em grande voz: “Temei a Deus e dai-lhe glória, pois é chegada a hora do seu juízo, e adorai Aquele que fez o Céu, e a Terra, e o mar, e as fontes das águas”, é uma reafirmação do princípio protestante Soli Deo Gloria.
Ellen G. White declara: “Nas cortes celestiais não se entoará o cântico: ‘A mim, que me amei a mim mesmo, e me lavei a mim mesmo, e me redimi, a mim seja gloria e honra, a bênção e o louvor’. Mas essa é a nota predominante do cântico entoado por muitos neste mundo.”
Revista Observador da Verdade, 2017.